sexta-feira, 15 de maio de 2015

Mostrar-se

Acordei com os olhos de fogo. Ardiam como brasas e se assemelhavam aos de zumbis. Nada de água para lacrimejar, estavam secos (esturricados), como o interior nordestino. As inúmeras e intermináveis lágrimas do dia anterior se encarregaram de ressecá-los. Chorei tanto que nada sobrou para hoje. Ontem foi um dia de variadas emoções, pois chorei de alegria, de tristeza, de saudade, de alívio, ou seja, fui bastante eclética nas emoções.

Antes me orgulhava de não chorar, achava sinônimo de fortaleza. Atualmente nem ligo mais, se me der vontade choro mesmo, independentemente de quem estiver por perto. As pessoas que estão próximas se preocupam ao verem as lágrimas rolarem , mas o choro é necessário. Muitas vezes, choramos de saudade de algo, isso é saudável. Não devemos ter vergonha de expressar os sentimentos, mas a sociedade insiste em maquiá-los. Não temos obrigação alguma de sorrir constantemente, nem de postar somente coisas boas, o que agrada aos olhos de quem vê, pois criou-se o estigma de que só o belo interessa. O triste incomoda, foge aos preceitos da "boa convivência".

Não estou fazendo apologia à tristeza, mas digo que ela também é um tempero necessário à vida. Também não se pode viver só de tristeza, mas há pessoas que a elege como a comissão de frente da procissão pessoal. É chato ter que aturar quem só reclama, quem só enxerga a parte faltosa do copo com água.

Vamos usar as lágrimas para viver, pois é cientificamente comprovado que chorar faz bem ao coração. Podemos esconder certas desilusões, mas aprisionar todas e jogar a chave fora é insensatez. Deixem fluir, pois elas escapam naturalmente.

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