domingo, 6 de setembro de 2015

Cuidar de outrem

Que a vida é repleta de solavancos isso ninguém pode negar, mas é preciso aprender a extrair o benéfico do caos. Pessoas também nos trazem decepções, principalmente quando nos entregarmos a elas com todos os nossos medos, sonhos...mas não é possível vivermos com leveza se não confiarmos no outro.

O amor exige toda essa entrega, mas, muitas vezes, o amado deve ser paciente para esperar o tempo do outro, pois há casos de feridas não cicatrizadas, de traumas de infância...Paciência para aguardar é o segredos. Infelizmente hoje é tudo muito fugaz "se você não me quiser tem outro a minha espera/ a fila anda/ quero tal 'prova de amor' agora". Essa imediatidade hodierna não nos permite aprofundar no íntimo do ser humano, conhecemos só o superficial, até onde nos agrada.

O romantismo é raro, pois o papel dele é fazer com que as pessoas permaneçam mais tempo com a gente deixando um perfume em nossa lembrança quando elas se forem. É saber deixar o Sol necessário para não queimar a rosa, é acariciar sem machucá-la, é cultivá-la no mais belo jardim da sinceridade. 

Amar não é proferir um montante de "eu te amo" mal empregados, para cumprir a obrigação perante o outro, não é gritar o sentimento para o mundo no intuito de mostrar que não está só, ao contrário, é um ato generoso, silencioso, é o cuidar do outro mesmo estando tudo em dificuldade, é ser forte diante das tentações, é, primordialmente, admirar a pessoa com que se convive, mesmo ciente de todos os defeitos que ela possui.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Cicatrizando

Há um par de meses meu peito estava leprosado de tal forma que pensava estar com os dias contados. Esperança era palavra de dicionário e no dia a dia era só angústia e um vendaval de porquês. Não imaginava, estava realmente descrente de que aquilo passaria, mas eis que timidamente o antibiótico mais eficaz surge: o tempo. É meio que um tratamento homeopático, mas com comprovado sucesso. Sei que parece um paradoxo, mas não é.

Os meses iam passando e meu sofrimento alí, mas sem sentir diretamente que por dentro ele estava sendo costurado. As lembranças já não eram avassaladoras como antes, as lágrimas doloridas cederam espaço para um sentimento generoso de foi bom enquanto durou, a culpa se transformou em experiência de vida.

A lembrança dos fatos já não vêm carregadas de detalhes. Tudo ficou mais geral. A esperança se abancou ao meu lado para não mais sair. A felicidade pouca se multiplicou. Devo muito a Deus pela restauração da minha paz de espírito.