domingo, 11 de dezembro de 2016

O que vim fazer aqui?

Não sei mais, sinceramente, o que eu tenho de errado. Desde pequena tenho um carma que ainda não descobri. Meu pai sempre foi uma pessoa muito bem relacionada e muito benquista por onde andava. Era o tipo da pessoa envolvente. Eu o admirava por isso, era meu espelho. Já eu, desde pequena, tive problemas com relacionamentos. Sempre fui a excluída do colégio, mas atribuía tudo isso à minha timidez. Era tão grande que não conseguia olhar nos olhos de ninguém. Todos os intervalos escolares ficava sozinha na sala. Ninguém me chamava para brincar. Tentei à força me inserir na turma do volley, mas jogava tão mal que sempre ficava como o rebutalho da escolha é ninguém jogava a bola para mim. Dói demais isso ainda mais para uma criança.
Passei a vida toda me dando desculpas. Pensava que isso ocorria por estudar num colégio de gente rica. Pensei que quando fosse para a faculdade pública tudo mudaria e seria cheia de colegas.
Lembro demais que num parco grupo de coléguas (assim mesmo que digo, não é erro de grafia) todos eram convidados na minha frente (menos eu, claro) para festas de aniversários e saídas. Passei minha adolescência vendo isso.
Não tinha amigos, era uma aluna medíocre, nunca tive um cantor favoritos (sempre fui muito eclética) e blá blá blá
Quando entrei na faculdade até me senti acolhida. Fiz logo amizade com um grupo de cinco pessoas (para mim era um grande progresso). Esse sexteto saía. Ríamos juntas, almoços, seminários...pensei que esse fosse durar. Eram minhas clientes de cosméticos, trocávamos idéias e tudo mais.
Assim que terminamos o curso cada um seguiu seu rumo, mas um grupo no whats mantinha o vínculo. Mantinha? Comigo mesmo nao! Elas moravam perto e eu era a única que morava mais distante. Combinavam tudo diante dos meus olhos. O carro de uma passava recolhendo as demais. E eu? Era só mais uma na multidão, só um mero número no grupo.
Ainda ía levando tudo isso como um fardo, mas com a inércia de quem sempre ficava de fora de tudo.
A gota d'água foi uma delas se casar, postar as fotos com as companheiras e nem tchu iu para mim. Poxa o que eu fiz para merecer isso? Por que Deus me dar as costas? Sempre tentei ser uma boa pessoa, ser atenciosa...
Meu comércio é um verdadeiro fiasco. Criei um site de vendas digitais que não me rende um cliente sequer. Os fornecedores me tiram do sério, prometem e não cumprem, me deixam no vácuo. Os compradores ou não me pagam ou dão trabalho para pagar ou simplesmente do nada desistem do pedido. Outra bossa deles é dizer na minha cara que comprou um produto que vendo com outra pessoa.
Somado a tudo isso vem minha vida amorosa, um fiasco eu diria. Como ser feliz em meio a tantas turbulências? Tenho pena da minha mãe que sempre somatiza essas minhas dores existenciais, pois sempre sobra para ela meus pitis.
Me considero bonita, inteligente, meiga, bem humorada, eclética e o que falta, então?
Por que a mesma pessoa que vende o mesmo produto (que na maioria das vezes nem atende direito o cliente) tem sucesso e eu não?
Eu facilitou, parcelo no boca a boca, passo no cartão, distribuo brindes e sorrisos e nada! Não consigo um ser fiel. Ops desculpa, fiel mesmo só as muriças que sugam meu sangue diversas vezes por dia e não saem de mim. Tenho sangue doce para inseto e amargo para gente? Qual o meu problema? Já perguntei a Deus é não obtenho resposta para isso. Será que pago pelosmeus ancestrais? Tenho sincera vontade de ir a um macumbeiro desfazertoda essa mandinga da minha vida!
Não mais aguento a solidão e infelicidade. Preciso de doses naturais de serotonina. Preciso ser admirada como sou. Preciso, preciso...
Será que em vidas passadas fui muito cruel, matei muita gente...busco os porquês de tudo isso.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Disque amizade/namoro?

Não é da minha época, mas nos anos 80 uma febre invadia os domicílios: o "disk amizade". Naquela época só os fortes tinham computador e ainda não existia a badalação das redes sociais. Tudo era na base dos diálogos, encontros reais e sentadas na calçada. O "diferentão" foi esse disque que através de três números um estranho adentrava em sua casa, já que celulares também não faziam parte do contexto.

O 145 era o alívio da galera. Problemas emocionais eram compartilhados por ligações. Esses diálogos saiam bem caros no fim do mês, pois tudo era na base dos pulsos. Contas astronômicas eram enviadas aos viciados. Hoje tudo é postado para milhões de pessoas verem, tudo chega muito rápido, mas nos anos 80 era mágico, só uma pessoa de cada vez ouvia sua voz. Tantos casais que se apaixonaram devido ao 145!

Os relacionamentos do século XXI estão sem glamour. Tudo é instantâneo e sem emoção. Um dia desses, por curiosidade, resolvi instalar o Tinder (app de relacionamentos) em meu smartphone. Para quê? Ô decepção! Senti-me como estivesse diante de um self-service, pois você escolhia o cara pela aparência e por alguns parcos dizeres. Como é possível começar um relacionamento sem sentir o cheiro, sem tocar e sem dar rizadas juntas? Não creio que algo que começa assim termine bem. Como avaliar pessoas com um coração ou um X, como se estivesse num mero jogo? Os sentimentos devem ser respeitados! Em poucas horas de "jogo", com corações e Xs ao acaso vários rapazes propuseram me conhecer. Desinstalei o mais pronto possível (Não tenho certeza se minha conta foi excluída- não entendo dessas coisas)

Sou saudosista de uma época que não vivi, mas que sinto falta só em ouvir as histórias dos mais velhos. O point do amor era a querida Praça do Ferreira. Os rapazes ficavam no alto só observando as moças que estavam na parte de baixo. As que interessavam, os rapazes desesperados desciam para trocar olhares. O processo era demorado. Não havia essa história de levar logo para cama para "testar". O máximo que aconteceria, se eles fossem ousados, era pegar nas mãos (um escândalo). Lógico que não quero repetir o passo a passo do passado, mas um pouco de glamour, de charme é muito válido, tem mais sabor.

Estamos muito acostumados com os fast-foods, com o imediatismo da Internet e queremos aplicar isso com pessoas também. É tão bom ouvir a voz, ter conversas gostosas, sair...antes de começar um relacionamento. Assim você tem a certeza de que aquela pessoa é a companhia de que você quer levar pra vida. É tão triste perceber que as pessoas só querem o prazer momentâneo do sexo, sendo que uma relação sincera proporciona muito mais felicidade. Não sejamos test drives dos outros! Valorização do eu é preciso!

Hoje uma tentativa um tanto malograda de recuperar o glamour passado é o tal do chrush. A Praia de Iracema foi invadida por essa nova "vibe" (ainda me acostumando com esses novos termos). São olhares trocados para a pessoa que se tem interesse, porém minha crítica é que não há um foco. Uma pessoa pode ter inúmeros chrushes. É o famoso atirando para onde der. Acho quase impossível recuperar a essência do termo relacionamento amoroso. Só queria ter vivido em épocas passadas, só isso!

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Topas

Nos últimos meses, obrigatoriamente, tenho sido refém de um transporte que muito me incomoda: as topics intermunicipais, ironicamente por mim chamadas de topas. Onde eu trabalho é o único meio  viável, pois o ônibus cobra dois olhos da cara enquanto a topic pede um olho e meio (irrisória diferença na diária, mas com o passar dos dias faz uma economia boa). Ambos rodam não com o intuito de oferecer um transporte de qualidade, mas tão somente pela ambição desenfreada de ganhar, ou melhor, de explorar.

Os carros são centenários- percebe-se que a manutenção é raríssima- e sem nenhum conforto. Os bancos são duros, muitas vezes quebrados; os vidros não têm fumê, ou seja, à tarde literalmente tostamos no sol escaldante. Sistema de refrigeração? Só se for em sonho!  O máximo que recebemos é o vento empoeirado, quente e com cheiro de diesel, daqueles que causam fadiga e só servem para embaraçar os fios de cabelo. Quem consegue ir sentado é como se tivesse ganhado na loteria, mas como punição deve aguentar, firmemente, os solavancos que deixam qualquer coluna cervical em estado de miséria.

Ser diariamente submetido a isso é um verdadeiro martírio! Amo de paixão meu trabalho, mas o percurso até ele é irritante. Paga-se caro, nada de conforto e um para-para dos infernos. Quem tiver pressa pode relaxar, pois elas param em todos os lugares em que virem um pé de pessoa. Além de ter de aguentar o humor variante de motoristas e cobradores somado às músicas em alto volume o que impede qualquer leitura.

 Acho um absurdo cobrarem a passagem de um idoso. Estatuto, cadê você? É um ato de desumanidade com quem por tantos anos lutou para conseguir um pequeno salário para custear tantas despesas. A passagem também é cobrada das menores crianças possíveis. Na lógica deles respirou pagou.

Outro fato fora de qualquer fiscalização é o uso desenfreado de celular pelos motoristas. Eles ficam desesperados com a concorrência de outras cooperativas (o nome é lindo, mas o sentido denotativo é de longe empregado) e se comunicam a cada segundo. Informam sobre a localização e o número do transporte. Isso é por demais perigoso aos passageiros que ou vão em pé em plena estrada ou mesmo sentado sem nenhum cinto de segurança. O perigo é constante, pois eles ficam tão focados no lucro que esquecem que estão transportando seres humanos.

Fico imaginando um assalariado, pai de família, tendo que se submeter a esses preços exorbitantes apenas para se locomover de um município a outro separados por uma distância tão irrisória. Sem dúvida eles teriam condição de cobrar o mesmo valor da passagem de Fortaleza ainda ganhando bem.
Outra indignação é mesmo eu sendo estudante na capital e trabalhando em outro município não tenho direito à meia estudantil e se fosse a situação invertida teria esse usufruto.

Há tantas injustiças nesta vida que mais uma menos uma já não causa espanto na população. Se todos tivessem a mesma mentalidade de vida minha a logística dos meios seria diferente da atual situação. Não se pode conformar em gastar um absurdo com transporte e ficar com déficit em alimentação, moradia, saúde e educação que são os mais primordiais setores que deveriam ser a base da pirâmide. Até Maslow sairia da cova ao presenciar tamanho absurdo! Falar em hierarquia das necessidades...procuro e não acho, na prática, a segurança. Essas topics vivem sendo assaltadas.
Tâmara, mulher, se conforma pois o povo em geral está acostumado a sofrer. Se acostuma também que a indignação passa!

sábado, 15 de outubro de 2016

Pode ficar com isso?

Não vejo a hora de deixar de trabalhar direta e dependentemente com vendas, de ter que facilitar um pagamento em prestações a perder de vista e, ainda por cima sem juros para o comprador, para não correr o risco de perder o cliente. Meu sonho é ficar trabalhando com vendas só por hobby e vender só à vista e ponto.

A vida de vendedor é eivada de riscos e aborrecimentos: fornecedores sem palavras, clientes caloteiros, desculpas esfarrapadas, mas, por necessidade, engolimos a seco tudo isso.

Meu carrinho e eu somos inseparáveis, mas, por vezes, para não estar em um enfadonho vai e vem com ele termino deixando pelos lugares que frequento. Porém, as pessoas se cansam de serem prestativas. É chato e humilhante ficar pedindo esse tipo de favor. Uma vez até tudo bem, mas, de vez em quando já é abuso... imagine se diariamente! Credo! Meeeedooo. Sempre me olham com uns "olhos falantes" do tipo " o que ganharei com isso?".  Servir virou moeda de escambo. Caridade por caridade parece que só está presente na Bíblia e nos sermões, na prática não acontece.

Sei lá... pode ser mesmo que um carrinho atrapalhe a estética de um ambiente ou mesmo que ocupe um espaço que simplesmente deveria permanecer vazio, sem as intervenções de uma vendedora não pertencente do clã.

Um dia desses, uma criatura que eu ingenuamente julgava minha " apoiadora" nos empreendimentos, do nada, me enviou uma seca mensagem pelo whats para que no dia seguinte eu desocupasse o armário, pois ela estava precisando guardar inúmeras coisas e já não dispunha de espaço. Aos primeiros raios de sol lá estava eu plantada só esperando  a porta se abrir- como um verdadeiro cachorro- para retirar tudo meu (nada de deixar vestígios). Até minhas lembranças levei comigo em duas caixas ou três de papelão. Pouco tempo depois eu soube que isso tinha sido feito por pura maldade, pois o lugar estava repleto de armários desocupados.

Sabe aquela sensação de orfandade? Passou um pouco por mim, mas utilizarei mais essa decepção como um aprendizado para minha vida.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Programar-se

Não vejo a hora de tirar umas férias gerais, saindo do Ceará e sem ter acesso a nenhuma rede social. Ir para uma praia paradisíaca de águas verdes claras ou mesmo ir para outro país e desvendar uma nova cultura.

Há longos meses planejo, ponho no papel várias opções e sempre fico na dúvida quanto ao destino. Viajar deveria ser obrigatório para todos, pelo menos duas vezes ao ano. Faz um bem danado, limpa a mente e alivia qualquer tipo de dor. Sempre você conhece pessoas interessantes.

Este ano ainda não viajei, quer dizer dei uns dias de folga aqui mesmo pelo litoral cearense, mas sinto falta de algo maior, de uma saída mais aventureira, de algo sem tanta programação. Até dezembro será impossível, pois tenho muitos compromissos e logo depois vem a alta estação- tudo se transforma em absurdo de caro.

Tenho que ter paciência e esperar mesmo por um 2017 viajoso.

sábado, 8 de outubro de 2016

Casamento

Peraê! Quase que não acredito que já faz quase um ano que não escrevo por aqui. Para mim fazia poucos meses. O tempo verdadeiramente voa. Nunca deixo de escrever, mas, na maioria das vezes, meus escritos se perdem em folhas soltas e acabam fazendo parte do lixo. Adoro escrever, mas não tenho tanto gosto em digitar. Parece que a caneta e o papel dão mais emoção.
Voltava de uma caminhada e de uma "bikiada" na queridíssima Beira-Mar -um dos mais belos lugares de Fortaleza- onde corre aquela brisa geladinha que açoita nossa pele. É o lugar da diversidade cultural e econômica. Lá tem o paupérrimo e aquele que não sabe mais com o quê gastar. É point de flertes, agora são crusheadas, perdão, lugar bom para comer, desafogar as mágoas, namorar, comprar, só olhar kkk ou apenas admirar o povo é a paisagem.
Por mim passaria uma madrugada inteira, de boa, só curtindo cada detalhe, sem precisar de música alguma nos ouvidos, só focando nos burburinhos da cidade.
No trajeto de volta, retomando o que não concluí, passei pela Igreja do Carmo. Rapidamente deu para observar que um casamento estava prestes a ocorrer. Fiquei logo emocionada, mesmo sem saber a história dos amantes. Fico muito emocionada com as coisas do coração.
Imagino a adrenalina boa que deve ser o dia de noiva. Quanta coisa passa na mente, quantos momentos de felicidade e provação foram vivenciados no namoro.
Dizer um SIM que se espera ser "segurado" até o fim da vida. Constituir a própria família não tem preço!
Crer que aquela criatura vai te querer mesmo quando você já estiver sem viço, quando as rugas já estiverem evidentes...
Pude sentir momentaneamente a sensação de noiva.
Mas o veículo partiu sem eu ver o desenrolar da cerimônia...percebi que eu não era a noiva, mas apenas uma expectadora sonhadora...