sexta-feira, 6 de abril de 2012

Morre uma mente célebre.

Ao verificar minha caixa de e-mails um em especial prendeu minha atenção. O marcador mostrava que ele foi enviado por volta das 16h00, porém só cliquei na caixa de entrada às 17h48. Lembro com detalhes, visto que a “manchete” do e-mail foi algo marcante. Pensei até que fosse vírus, quem dera!
Um amigo muito devoto da Língua Portuguesa me enviou esse e-mail que anunciava a morte do ilustríssimo professor Itamar Filgueiras. Não o conhecia pessoalmente, mas nutria uma grande admiração pelos conhecimentos que ele compartilhava, diariamente, com milhares de estudantes. Inclusive muitas de minhas amigas falavam maravilhas das aulas dele.
A Academia Cearense de Letras hoje amanhece de luto por mais uma perda de um imortal. O maestro deixou vaga a cadeira de número cinco. O difícil, melhor dizendo impossível, será encontrar um sucessor à altura.
Comovi-me bastante, pois ele era um colega de ofício. Dedicava-se à árdua tarefa do magistério que, no Brasil, exige uma dedicação intensa por salários não muito atraentes. Só espero, sinceramente, que a ACL não desrespeite a memória do intelectual colocando uma “estrela” para ocupar o assento.
Transmito o sentimento da população que hoje duplamente vivencia o luto de dois mestres: o do Supremo e o do dedicado professor. Agradecemos pelos quase 50 anos de transmissão de conhecimentos. Hoje, nesta sexta-feira da paixão, sinto um grande arrependimento de não ter sido discente direta deste grande docente, pois tinha em mente, em um futuro próximo, embeber-me um pouco desta fonte de cultura. Infelizmente isso não foi possível. Meus sentimentos à família e amigos deste cearense.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Agonia nossa de todo discente.

Caros colegas de sofrimento, vai se aproximando o período de maior tensão, quando todos ficam mais susceptíveis ao choro, à briga com o namorado e ao humor oscilante: eis o período de pilhagem de testes. Parece até que os professores de todas as disciplinas combinam datas e horas bem próximas para a aplicação- que dizem os especialistas que não mede conhecimento, mas; por outro lado, que não deixa de existir- do que aprendeu ao longo do trimestre.
Os maestros passam, atropeladamente, textos e mais textos para serem lidos em tempo recorde e ainda indicam folhas e folhas de livros de leitura complementar, mas um tanto obrigatória. Justificação: para a maior familiarização conteudística. Para isso, temos que virar malabaristas de livros, pegando um e soltando outro, sem deixar a peteca cair.
Minha ânsia me consome, pois já leio uma linha contabilizando, pormenorizadamente, quanto tempo foi despendido e, na próxima, já tento otimizar o tempo restante. Submetida a longos períodos de estudo, torno-me uma dislexa temporária, visto que as letras começam a dançar um autêntico tango argentino.
As noites de sono são milimetricamente programadas e, a cada dia da aproximação do tal momento, essas noites vão ficando mais extensas para o estudo e curtíssimas para a recuperação mental. Devemos estar conectados praticamente 24 horas. Drogas alternativas, como o café e o chocolate já não fazem efeito devido ao consumo elevado para se manter como o lema dos escoteiros: sempre alerta.
O corpo não tem direito de se cansar, pois para isso que servem os analgésicos. O cansaço e a fadiga mental imperam. As associações se tornam lentas e os professores, cada vez mais cruéis, como se cada matéria fosse a única a ser estudada- uma verdadeira dedicação exclusiva não assalariada.
Cada parágrafo se torna um aglomerado de letras conectadas com uma lógica vigente, mas parecem ser infindáveis. A cada página virada contasse quanto falta até o final. Dá um desespero quando ainda tarda a chegar à derradeira linha.
No fim de semana o estudante tem folga? Não! Pelo contrário, transforma-se em um verdadeiro bibliófago para suprir os "buracos" deixados na semana. O acúmulo de textos é o verdadeiro cúmulo, pois não se pode ir com calma a cada linha, mas deve-se ler e entender tudo com uma agilidade fenomenal.
Nem adianta ficar alegre com a Semana Santa, pois o volume de tarefas e de trabalhos só aumenta. Os orientadores, a meu ver, odeiam feriado, pois não nos deixa respirar. Preciso um pouco do idílico fugere urbem para revigorar os pulmões e controlar os níveis de ansiedade citadinos.

domingo, 1 de abril de 2012

Imortal, imortal só se for do futebol.

Semana passada estava radiante de felicidade. Fui para a aula de literatura como quem vai para o paraíso. Estava inatingível, pensava eu. No meio da aula, veio uma desastrosa notícia que fez os alunos tremerem, o ventilador parar, as luzes piscarem e o Machado de Assis se revoltar nas profundezas do solo, segundo o professor Pelogio: O Ronaldinho Gaúcho é um IMORTAL, isso mesmo, da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Atenção! Hoje é dia da mentira, desde zero hora, mas esta notícia é a mais pura verdade, para a infelicidade de uma boa fração da sociedade. Esta notícia já está quase completando um ano. Devemos comemorar? Cruuuzes! Os mais fanáticos torcedores poderão até comemorar num ímpeto de felicidade pelo ídolo, mas não pela notícia em si, pelo menos não se levarmos em conta a racionalidade.
A ABL realmente entrou em decadência, perdeu a credibilidade. Por que ela não elegeu a Presidenta que é uma mulher culta? Por que não uma Tércia Montenegro (escritora, fotógrafa e professora da UFC) que já nasceu culta, pois em seu DNA existem muitos vestígios do mundo das letras.
Para mim, com essa, que soube há pouco, ABL deveria fechar (ops...meu ímpeto de raiva). Acredito que, neste ano, o novo imortal eleito por unanimidade para presidente da academia será o outro futebolista Neimar. Espera só para ver... Se não tiver cadeira disponível eles colocam. Não se preocupe. Ah... ia me esquecendo do Michel Teló. Ele já fez até música para ocupar o trono: "ai se eu te pego..."
O "mundo" das letras (sei que é uma expressão clichê, mas me perdoem), o do tão importante conhecimento, passou a ser o "mundo" do interesse. Título vai, dinheiro vem (uma mão lava outra). Esta notícia, há uma semana, me deixou com uma insônia magnífica. Tive pesadelos diários.
Em alguns vídeos na Internet, comentaristas dizem que ele é o mestre da ginga, portanto (conclusiva sem nexo a meu ver), é merecedor do título. Grande contribuição para as letras!!! Acho que esta história já me deixou sem a noção de tempo e de espaço. Ele entender de futebol é fato, mas do universo dos livros... tenha santa paciência! Vai perguntar, caro leitor(a), quantos e quais livros ele já leu neste ano. Aposto que ele só "leu" (seria melhor o emprego do verbo ver, conferir ou apreciar) revistas masculinas...

sábado, 31 de março de 2012

O poder agravativo de certas pessoas.

Analisando a sociedade, percebe-se que cada vez mais o egoísmo e a individualidade imperam. Nossos contemporâneos somente olham para o próprio umbigo e não se importam em massacrar os sentimentos dos demais. O outro é o outro e não eu. O que tenho a ver com o sofrimento alheio? Nada, diz a humanidade.
Estamos vivenciando o período quaresmal. A Igreja Católica prega que devemos ser mais generosos com os irmãos (principalmente os não consaguíneos, que fique claro). Devemos abdicar dos nossos maiores desejos em prol daqueles que necessitam de apoio.
É isso que percebemos? Não! Lembrei-me, imediatamente, de uma tirinha em que a personagem Mafalda diz ter pensado que a placa "não tem conserto" iria ser pregada na humanidade. O certo tornou-se piegas e o errado vigora.
Em minha idiota ingenuidade, tentando seguir as regras do bem-viver, tive uma ideia que me pareceu brilhante: economizarei meu hiper-suado dinheiro e repartirei com aqueles que convivem comigo com uns simples, mas carinhosamente distribuídos, chocolates.
Para isso, andei "a pé" (pois as pessoas dizem que "andam" de ônibus) por oito dias, para poupar cada centavo, mas fazia isso com um sorriso nos lábios =], na certeza de fazer o outro se alegrar. Nesse caso, o sacrifício valeria à pena. Deixei, com isso, de comprar algo para mim. Preparei, com amor fraternal, embalagens pascais de um coelhinho generoso. Estava ansiosa pelo momento da partilha. Agendei data e horários convenientes.
Como o ser humano é fadado ao engano, pequei por atos. Valorizei a que não era digno de contemplação. Distribuí, com alegria de criança, meus pequenos pacotinhos tão simplórios, acho que sem a pompa digna dos receptores ou eles já ganham demasiados presentes que não mais valorizam. Daí, percebi que a tristeza seguiu os passos da alegria. Essa não quis largá-la.
Entreguei ao primeiro. Ele agradeceu e depois me disse, sem constrangimentos, que não comia chocolates. Que bela educação, hein?! Por essa não esperava (mal sabia eu que era apenas o começo). Pensei, ainda, anestesiada do primeiro baque, que o segundo receptor reagiria de maneira distinta. Ledo engano! Ao entregar o embrulhinho, (eu mesma já estou no ritmo deles, depreciando meu "produto" pelo artifício sufixal) ele me indagou com um semblante desgostoso: "É ...chocolate?". Veio-me uma vontade súbita de responder: Não! É vento empacotado, mas resisti a esse ímpeto desastroso.
Aposto que todas essas recusas não se dão pelo fato de não gostarem de chocolate, mas pelo desespero de seguir os padrões de beleza absoluta: sem as tão famosas gorduras localizadas, as celulites e as espinhas que deixam as pessoas fora da linha de aceitação dos enaltecedores do perfeitismo. São privações de um viver com harmonia para o viver ditatorial da beleza, cheio de regras. É o somar, minucioso, de cada caloria ingerida.
Ainda sob o efeito da sandice desse dia, resolvi tentar entregar "o causador de desolação" ao próximo da "fila". Tive um lapso de memória e esqueci-me da tão conhecida frase: "Um é pouco, dois é bom e três é demais". Entreguei a terceira e última lembrancinha. O presenteado sorriu e agradeceu. Pensei que tinha obtido sucesso, mas ele mal esperou meu virar de costas para sair distribuindo os chocolates, como internamente me dissesse "nem traga novamente".
Naquele momento, "a ficha finalmente caiu". Minha bolsa ainda estava eivada das guloseimas. Saí, imediatamente, do local sem ter feito o que era para fazer. Aquele ambiente de ensimesmados me contagiou. Senti-me tomada pelo espírito mesquinho. Joguei-me atordoada, aos meus pensamentos. O sentimento de humilhação me seguiu por todo o dia.
Em uma raiva subumana, comi, desesperadamente, todos os outros chocolates, como se fossem os últimos do deserto. Passei mal, confesso. Aqueles exagerados doces consumidos em um único momento me proporcionaram uma senhora enxaqueca. Minha consciência, que já estava pesada, multiplicou o peso.
A priori, escrevi esta crônica em um papel ofício de cor avermelhada para que a tonalidade me lembrasse do sangramento interior. Tudo ficou sem graça. O professor falava e só meu corpo estava ali. O maestro não soube, ainda bem, mas meus pensamentos percorriam terras longínquas.
Ao anoitecer, momento de certa melancolia para os escritores, pude renascer através de leituras que me proporcionaram o conhecimento de casos ainda mais mesquinhos. Machado de Assis me aconselhou e me alertou. Voltei a alegria de sempre, mas agora sob o alerta constante.

domingo, 25 de março de 2012

As pedras renovadas do caminho.

Drummond já enunciava que "tinha uma pedra no meio do caminho". Hoje,tristemente,percebemos que as pedras são "fichinhas" em meio aos buracos, alagamentos, infindáveis congestionamentos e lixo nas ruas ( só uma pequena amostra da "Terra da Luz").
São José, cadê a chuva? Ahh, eiiiii,só não esqueça de mandá-la na medida certa, viu?, visto que, como frase conhecida por nós, tudo em demasia é veneno, é maléfico.
O Centro, a Aldeota (pequena aldeia) e o Bairro de Fátima, por exemplo, se transformam em verdadeiros piscinões. Nessas horas, a vantagem é dos surfistas. Pobres pedestres! além de molharem os pés (para os prevenidos, como às vezes eu, que andam munidos de capas e sombrinhas) ainda tomam um banho involuntário enviado graças aos nossos "educadíssimos" MAUtoristas.
Penso que se Drummond ainda vivesse, reescreveria o poema com adaptações como: existem muitos buracos, alagamentos e "surpresas" mil no meio do caminho, portanto muito CUIDADO, fiel leitor!!!
Padroeiro de Fortaleza, não se entristeça com a realidade aqui descrita nem com esta devota um tanto inquieta e mande as chuvas tão esperadas, em especial, pelos sofridos nordestinos.