quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Volta turbulenta

Como imaginaria na volta de um passeio tão sonhado passar por tantos incovenientes! Diferente da ida, o tempo estava ensolarado com temperatura semelhante à Fortaleza, mas com a umidade mais baixa. Pensei que estaria pronta para enfrentar as intermináveis sete horas presas naquela cápsula voante em meio a tantas e fatigáveis escalas.

 Na chegada ao aeroportos sempre vou com antecedência absurda- tive a infeliz ideia de trocar os assentos da asa pelos últimos. Como o voo estava quase totalmente lotado, uma vez feita a escolha dê tchau ao antigo lugar. As últimas poltronas são terríveis, pois não declinam, ficam perto do banheiro, a saída é mais complicada e balança por demais. Quero deixar minha admiração registrada a todos os comissários de bordo que por pouco dinheiro se submetem a uma vida estafante e cheia de incertezas, dificultando um crescimento profissional devido a louca escala laboral. Minha mamis logo no primeiro trecho começou a ficar nervosa com o "embalo" da aeronave e eu, discretamente, tive leves enjoos.

 O comissário nos trocou de lugar avisando que isso seria temporário, visto que na próxima escala deveríamos nos submetermos à disponibilidade de lugares. Os enjoos melhoraram e a calma, não absoluta, claro, retornou, pois os balanços nas poltronas do meio são mais discretos. A cada escala tínhamos que esperar a acomodação geral para sentarmos na zona de " privilégio ". Minha mãe afirmava veementemente que não retornaria à "cozinha" kkkk como ela denominou os "derradeiros" assentos. Graças as gentilezas- isso mesmo! Ainda existem pessoas caridosas- ficamos nos lugares desejados durante todo o voo. Apesar do tempo bom, o piloto infelizmente, nos afirmava que passávamos por áreas de turbulência. Mamis ficava ultra tensa e comecei novamente com os enjoos, agora mais fortes.

 Pedi o temível saquinho branco para eventualidades, mas a volta parecia não ter fim. Nunca me senti tão mal. A culpa não foi somente das turbulências, mas da minha errônea alimentação durante a viagem. Fiz uma misturada danada não respeitando os limites do meu sensível estômago "empurrando" carnes, molhos, batatas fritas, chocolates, vinhos e gordurosos queijos dentre outras iguarias. Esqueci-me de que o estômago não é um barreiro em que simplesmente se joga comida sem uma prévia seleção. Isso me custou caro. Agradeço a Deus ter dado tempo de o pior acontecer em minha terra natal, lugar em que de certa forma me sinto um pouco mais segura. Na madrugada, uma enxurrada de vômito e diarreia acompanhou minha intranquila noite. Acho que já estava colocando até minha alma para fora.

No raiar da manhã, aos prantos meu benzinho se desespera. Em meio às dores ainda tive que acalmá-lá. Ao hospital fui levada para me hidratar com soro. Na falta do caseiro, me empurraram uma gororoba insuportável de gosto de tuti-frutti. Ecaaaa! Na volta, passei o dia inteiro deitada como uma morta viva, ingerindo as mais terríveis receitas hospitalares somadas a remédios infindáveis. O passeio em si foi bom, mas, como dizem, a volta do piquenique é que foi drástica. Não penso tão cedo em viajar para longe, ou seja, Europa querida, seus planos estão abortados.

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