segunda-feira, 15 de setembro de 2014

TEMPO DE ESPERAS

Meu fim de semana foi repleto de leituras. Isso! Voltei ao mais saudável dos atos de outrora, visto que, ultimamente, o universo mágico da euforia me rondava, mas do conto de fadas voltei para a realidade e vi que o proveitoso seria jorrar minha eterna curiosidade em meios literários. Andei vagando pelos longos caminhos da minha mente procurando alguma leitura que me deixasse grudada ao livro, que me fizesse esquecer do tempo. Achei entre autores e autores um que logo me chamou atenção: Tempo de esperas. O título faz jus a minha vida atual em que vivo nas longas esperas sejam elas físicas ou mentais.

 O que me surpreendeu foi primeiramente o fato de o livro ser construído pelo "aglomerado" de cartas. A história tem como personagens centrais Abner, o professor renomado de Filosofia que abandona o cargo para viver em um lugar bucólico e longe das "glórias" enaltecedoras do ego e o inquieto e sedento por respostas aluno do curso de Filosofia, Alfredo. A personagem quase que onírica na presença "física" é Clara, a responsável pelos desgostos amorosos do discípulo.

Alfredo dá início aos grandes questionamentos missivistas com um grande pesar amoroso: não se conformava que a amada Clara tivesse partido com um "simples" florista. Ele não compreendia tal façanha dada a grande conexão entre os dois jovens. Ele resolve pedir ajuda ao mestre oculto pelas palavras na esperança de encontrar uma resposta prática para o abandono. Queria também, dada sua sede por conhecimentos, ter acesso aos escritos de um livro por lançar do grande mestre. Abner, por sua vez, mostra-se um tanto assustado com a rispidez do jovem, com as palavras tão cheias de amarguras. Vai tecendo uma rede de conhecimentos de mundo que raramente se encontram em livros, metaforiza os acontecimentos corriqueiros com parábolas.

 Em algumas vezes me senti Alfredo com relação ao modo de buscar muitas respostas e de "sofrer de juventude", mas na maior parte me identifiquei com o Abner nos pensamentos sensatos e na maneira simples de contemplar a vida. Foi um livro que realmente me emocionou! Não falo isso porque foi escrito por um padre- por eu ser Católica- mas pela leveza da narrativa e pelos exemplos ofertados. Até quem não segue nenhuma religião ficará bem à vontade com a leitura, mesmo que seja na curiosidade de ver o interessante jogo de palavras.

 As explicações de Abner sobre o amor são sublimes!Ele nos fala que muitas vezes damos importância suprema ao que o outro representa em nossa vida. É como tivéssemos aprisionados ao presente sem uma perspectiva futura. O outro é como o chão, se for subtraído nos derruba, ficamos órfãos. Quando carentes deste sentimento nossa existência é vã, mas Abner, sabiamente, pede que Alfredo usufrua dessa ausência fazendo crescer um jardim interior, pois o sofrimento nos fortifica.

 O final do livro traz uma grata surpresa! A leitura é fácil, rápida e instigante. Padre Fábio é um grande sábio dos dias atuais! Em breve leio todos os livros por ele publicados, pois um impulsiona o outro. Realmente emocionada! Só este livro valeu por todas as leituras do ano. Esse padre conseguiu "retirar" as mais presas lágrimas do meu ser. Deveria se transformar em um filme!

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