terça-feira, 29 de novembro de 2016

Disque amizade/namoro?

Não é da minha época, mas nos anos 80 uma febre invadia os domicílios: o "disk amizade". Naquela época só os fortes tinham computador e ainda não existia a badalação das redes sociais. Tudo era na base dos diálogos, encontros reais e sentadas na calçada. O "diferentão" foi esse disque que através de três números um estranho adentrava em sua casa, já que celulares também não faziam parte do contexto.

O 145 era o alívio da galera. Problemas emocionais eram compartilhados por ligações. Esses diálogos saiam bem caros no fim do mês, pois tudo era na base dos pulsos. Contas astronômicas eram enviadas aos viciados. Hoje tudo é postado para milhões de pessoas verem, tudo chega muito rápido, mas nos anos 80 era mágico, só uma pessoa de cada vez ouvia sua voz. Tantos casais que se apaixonaram devido ao 145!

Os relacionamentos do século XXI estão sem glamour. Tudo é instantâneo e sem emoção. Um dia desses, por curiosidade, resolvi instalar o Tinder (app de relacionamentos) em meu smartphone. Para quê? Ô decepção! Senti-me como estivesse diante de um self-service, pois você escolhia o cara pela aparência e por alguns parcos dizeres. Como é possível começar um relacionamento sem sentir o cheiro, sem tocar e sem dar rizadas juntas? Não creio que algo que começa assim termine bem. Como avaliar pessoas com um coração ou um X, como se estivesse num mero jogo? Os sentimentos devem ser respeitados! Em poucas horas de "jogo", com corações e Xs ao acaso vários rapazes propuseram me conhecer. Desinstalei o mais pronto possível (Não tenho certeza se minha conta foi excluída- não entendo dessas coisas)

Sou saudosista de uma época que não vivi, mas que sinto falta só em ouvir as histórias dos mais velhos. O point do amor era a querida Praça do Ferreira. Os rapazes ficavam no alto só observando as moças que estavam na parte de baixo. As que interessavam, os rapazes desesperados desciam para trocar olhares. O processo era demorado. Não havia essa história de levar logo para cama para "testar". O máximo que aconteceria, se eles fossem ousados, era pegar nas mãos (um escândalo). Lógico que não quero repetir o passo a passo do passado, mas um pouco de glamour, de charme é muito válido, tem mais sabor.

Estamos muito acostumados com os fast-foods, com o imediatismo da Internet e queremos aplicar isso com pessoas também. É tão bom ouvir a voz, ter conversas gostosas, sair...antes de começar um relacionamento. Assim você tem a certeza de que aquela pessoa é a companhia de que você quer levar pra vida. É tão triste perceber que as pessoas só querem o prazer momentâneo do sexo, sendo que uma relação sincera proporciona muito mais felicidade. Não sejamos test drives dos outros! Valorização do eu é preciso!

Hoje uma tentativa um tanto malograda de recuperar o glamour passado é o tal do chrush. A Praia de Iracema foi invadida por essa nova "vibe" (ainda me acostumando com esses novos termos). São olhares trocados para a pessoa que se tem interesse, porém minha crítica é que não há um foco. Uma pessoa pode ter inúmeros chrushes. É o famoso atirando para onde der. Acho quase impossível recuperar a essência do termo relacionamento amoroso. Só queria ter vivido em épocas passadas, só isso!

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